ANTONIO MIRANDA
( BRASIL - MARANHÃO )
Antonio Lisboa Carvalho de Miranda nasceu em Bacabal, Maranhão, em 05 de agosto de 1940 e reside em Brasília (DF) desde 1977.
Passou a juventude no Rio de Janeiro e os anos da ditadura militar (1964-1985) em diversos países como autoexilado.
Na Venezuela, montou o espetáculo Tu País está Feliz, com poemas seus e música de Xúlio Formoso, que foi levado a muitos países e deu origem aos grupos teatrais Rajatabla (Caracas) e Cuatrotablas ( Lima).
Doutor em Ciência da Informação, é ex-professor da Universidade de Brasília e atualmente dirige a Biblioteca Nacional de Brasília.
Tem 40 livros publicados, quase a metade de poesia, muitos deles traduzidos e publicados na Argentina, Espanha, Porto Rico, Uruaguai e Venezuela.
Mantém o Portal de Poesia iberoamericanda na web:
www.antoniomiranda.com.br
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FINCAPÉ - Coletivo de Poetas. Organizador: Menezes y Morais. Brasília: Thesaurus, 2011. 280 p. CDU 82-1 (81)
No. 10 913
O HAITI SOMOS NÓS
Todos os furacões açoitaram o Haiti!
E o Haiti é o nosso paradigma de liberdade!
Todos os ditadores devastaram o Haiti!
E o Haiti é nosso exemplo de iluminismo!
Espelho de Bolívar e admiração e Washington!
Todos os terremotos abalaram o Haiti!
Alejo Carpentier sabia ser ali, sem dúvida,
“el reino de este mundo” a Bastilha da América!
Reflexos, vestígios de uma herança maldita.
Devemos manipula magicamente
os elementos, para exorcizá-los. Vodu.
Diante das imagens terríveis dos destroços,
vêm as perguntas de respostas já sabidas!
De horror, de indignidade, de indiferença.
Diante das imagens terríveis dos escombros,
a mesma pergunta que o Papa fez
quando visitou os campos de extermínio:
“Onde estava Deus?” Onde estamos nós?
Janeiro de 2010
MAIAKOVSKIANAS
1
Preso às palavras
como o Cristo na cruz:
pregos, pregos, palavras.
Palavras-vértebras
que me sustentam
— vivem de mim.
Nelas eu vivo.
2
Crânio-arquivo:
versos
ventríloquos
vertendo a alegria.
3
Ódio ao burguês!
Aqui, seguro,
e o escuro porvir.
4
“Bananas-ananás!”
Juízes em prontidão
degustam frases
sentenciam alíneas
e vociferam incisos.
Sem futuro,
diante do muro.
5
Meus versos de cesura e
e esta conjura de burocratas
contra o verso libertário.
“Sem forma revolucionária
não há arte revolucionária!”
Não desço ao povo
— que o povo ascenda
e me entenda.
Contra a poesia estacionária
prisioneira do verso marmóreo
e incorpóreo!
6
Céus de letras rebuscadas
e horizontes de arame-farpados.
Que o verso-aríete
rompa o vazio do discurso
oficial. Que o poema-pua
avance sobre as redações do dia.
Ao “poder das rimas imprevistas”.
“ALÉM DE TUDO”
Eu nada quero
além de ti
e persevero
além de ti
Para ser sincero
eu nada quero
e persevero
além de ti
Além de ti,
além de ti
O que eu mereço
eu não esqueço
e persevero
além de ti.
Eu não esqueço
o que eu mereço
Eu nada quero
além de ti
Além de ti,
além de ti
Do livro Canções Per Ver Sas.
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